Um Grão de Areia

Imagem de autor desconhecido, retirada da net. Um dia destes fui à praia. Enquanto caminhava de pés descalços sobre a areia, reencontrei um grão com que brincava quando criança. Agachei-me. Havia lá muitos grãos de areia. Uns mais translúcidos, outros mais dourados, uns mais pequenos e outros de tamanho de calhau menor. Mas eu sabia que era precisamente aquele o grão com que eu brincava. Também ele me reconheceu. Recordou-se daquela criança envergonhada e naif que era capaz de passar tardes inteiras entretido a observar as formigas na varanda da sua casa – “só as pretas. As vermelhas, não! São más.” – sem que os seus pais se recordassem da sua condição de pais. Rejubilei. O grão de areia lembrava-se das estradas que eu construí, as pontes que ergui, os castelos que criei… inclusivamente aquela vez que com ele finalizei, inocentemente, o seio disfarçado de concha, duma sereia feita de areia molhada…. Peguei nele, fixei-lhe o meu olhar e chorei… eu já não sabi...